São duas da manhã enquanto te julgo a dormir

Só mais 2 meses e regresso por uns tempos. Mas vou andar nisto pelo menos 1 ano para juntar dinheiro e poder voltar dar-lhe uma vida melhor. Mas agora vou andar assim, preciso disto. Sei que não te posso pedir que me esperes. Não é justo. Uma coisa é um casal que decide junto que um deles vai para fora uns tempos trabalhar e o outro aceita porque é um projecto para os dois. Mas nós é diferente. Não te posso pedir isso. Sei que não és mulher para uma relação assim. Não te chega. Não queres. Não era isto que querias. Por isso é que quando me ligaram para vir ainda fiquei de pensar. Por causa de ti. Mas era a minha vida. Sabia que isto nos iria afastar. Logo na altura em que éramos para estar juntos. Pouca sorte a minha. Mas teve de ser. Faz a tua vida normal, não te prendas a mim, não te posso pedir que me esperes mas gostava que esperasses. Assim que regressar em vez de ir para cima vou para baixo ter contigo. Preciso de ti.

Vê esta música. Dei com ela outro dia e lembrei-me de ti. Vê ouve sente.

Do outro lado a música começou a tocar descoordenada, estonteante, hipnótica perturbadora. Powder de Parov Stelar. Alguém caminhava numa praia. Close up dos pés areia ondas do mar. A solidão de quem ama quem não pode ter. A tua cara do outro lado comovida olhos cabisbaixos a olhar o vídeo lacrimejantes. Eu deste lado a conter conter-me conter não chores não chores. Uma lágrima sacana a escorrer face abaixo. Não viste. Parou a música. Pediste espera tenho que ouvir de novo. A mesma intensidade as mesmas notas a mesma solidão a mesma tristeza de ter um corpo o teu corpo do lado de lá e não o ter não te ter não te poder abraçar tocar nada. Eu amo.

Despedimos-nos novamente com o amargo doce azedo outra vez várias vezes.

(corria 2011. inicio. e a esperança que se esvaiu com ele. o ano.)