.prometo.



.se te visse pelo caminho súbito de sílabas doutros tempos diria prometo. encantar as ruas de chuvas cadentes. estrelas que reluzem no cume das montanhas onde somos mais. mais pequenos. e enormes de sonhos. assim como abraços teus a embalar rotas escolhidas no aprumo dos dias. se te visse a caminhar devagar passos teus e outros tantos em sombras. ao sol que aquece tardes de inverno. diria. prometo. ser-te tanto quanto me és. tanto que és. pequeno feito homem embalado nos braços da aurora que desencanta luares que se erguem em noites frias. de verões quentes como o de hoje. faz um dia que não te disse. há um dia. dirias. prometo caminhar contigo em passos permanentes que demoram. se demoram de ti. em chuvas encantadas a resgatar semáforos de alertas a passarem despercebidos. e no abraço que damos somos cadentes estrelas que reluzem em montanhas por escalar. somos mais. aqui no cume das estradas que percorremos. em frases por terminar. diria. prometo ser pequena no teu sonho enorme de ser. se me visses a caminhar devagar passos teus. pelo caminho súbito de sílabas encantam ruas em chuvas cadentes. ser-te tanto. embalado nos abraços da aurora a desencantar o frio das noites quentes. como ontem. faz um dia que te disse. prometo. há um dia. resgatam-se semáforos nos teus passos aqui no cume das dunas por caminhar. devagar. embalar. rimas de 2 e 2 quatro. são sílabas que em sussuros te dizem. prometo. ser-te hoje.

.se o tempo.




se o tempo. passa em andantes caminhadas de. bom senso. sorrisos que se cruzam em ternas lembranças de se. se virares à direita na encruzilhada da razão cortas a estrada pela cerca. onde o betume não castra respirações. contornos de luz e escuridão. torpedos da sorte como dados lançados a. em candeias. às avessas recolhem os frutos da época. incerta como as estações. do tempo. dois rumores de. nós. e se. se corresses as ruas certas em escolhas do ontem. se. fosses um rótulo vão do pensamento. caminhàmos a chuva de dias coloridos de inverno. nuances de certezas. tuas. dúvidas vãs. minhas. são vagarosos os dias. aí. do fomos. não somos. podíamos ser supões. em nuvens de ilusão. a aceitar que podes. e se virasses à direita por caminhos percorridos tatuados de mim. não seria. o mesmo. jogadas da sorte lançadas ao vento. dados como segredos. em mãos cheias de sonhos. são vagarosos os dias. até aqui. como nuances de certezas em contornos. incertos. como a fruta de época. danças de passereles iluminadas. candeias. de bom senso. como sorrisos. a cruzarem ternas lembranças. de se. se fosses caminho. de dias coloridos em chuvas que celebram. nuances. em dias de inverno. tatuados de certezas. se o tempo. se. bom senso.

.sonhas.te.




ontem sonhei um mundo. em dias de tempestade não se fazem sonhos. ouvi. e a lua perdida. gargalhadas mil. no pedestal bronze lacado de ti. calou assim. de mansinho as idas de embalos tantos. voltas de reviravoltas em banhos de mar. são repetições que toleras. porque o mundo se faz em ti. cresce assim em redemoinhos sonsos. como quem não quer. ouvir. escuta. nao se sonha em horas de ponta. ouviste. como um eco castrador. só que não. não embalam as horas. as noites digo. feitas maré. onde. flutuas. ontem sonhei um mundo. feito de mim. e a lua. gargalhadas mil. diz. rasgo o infinito nas horas do tempo que se conta. e as noites que amanhecem são tuas. e mãos que aplaudem. acariciam gestos. a acalmar o ar que transpira. em dias de tempestade nascem mares. onde. és. filosofias de bolso. em dias de luar não se fazem sonhos. ouvi. e a lua perdida. gargalhadas mil. de nós. um eco. como um eco. mas o mundo. ontem sonhaste um mundo. só teu. são repetições que toleras.

.são parábolas. amor.




.e a banda sonora. de fundo., ao fundo. salva mundos. de nós. em abraços que se prolongam. alongam memórias. e sentidos. muitos. correm dualidades. em únicas paragens. sentidos únicos como rios que fluem. nas margens de ti. ecos de certezas amam. lonjuras de infinitos céus sem limite. vogam as palavras silenciadas. um e um só. dia não passa. sem abraços que embalam. aquecem serões. eles dizem serões. serão uma e outra. noite. após noite. dias imensos de ti a soarem holofotes de arco-iris. pintam as cidades. esta e a outra. e mais aqueloutra que se segue colada à parábola de ecos. emotivas ligações. chamam. motivações. clamam. vozes de sim. sim sim certamente. eterna. mente de roucas alusões. roucas em cantigas de embalar. acalentam. embala a onda que de ti nasce. em abraços. que te prolongam. e a banda sonora. de fundo. ao fundo no cume dos sentidos. na tua palavra silenciada. como rios que fluem. ecos infinitos, lonjuras. tu. eles dizem serões. serão duas canções. pintam cidades holofotes imensos soam a arco-iris enquanto as tílias te. te caem aos pés. são parábolas amor. somos embalos perenes a florescer no silêncio de motivações. uma e outra. e mais aqueloutra que se segue colada à parábola de nós.

.instantes.




.o azul do céu diz. te. há nuances que dançam. olhares de ti. foste o amanhecer. e o entardecer em espaços de meias tardes por nascer. és. dizes. os sorrisos das crianças que brincam. sem saber. sabes que a vida é um instante. imortalidades. dizem. eternidades a pernoitar pontes de ti. em mãos que acenam. tocam. se. e. sussurram baixinho. o tempo. não existe. suspiras. porque. hoje és. aqui. no encantamento de uma miragem. que. te. que te. chamam. e amanhã. miragens mil cruzam caminhos de ti. percorreram ontem baladas de primavera. dançaram à chuva na sombra. tua. na distância de um só. sol. nosso. como um beijo. deles. olhares de ti. teus sussurram. baixinho. imortalidades na eternidade que suspiras. hoje no amanhã. és. encantamentos que se tocam. num instante de primavera que amanhece. o azul. do céu. disse. te. há nuances de ti que dançam. 

.e o mundo.




Duas razões. de ser.embalam-te os sentidos. doces. travessuras de Halloween dizem. e o Outono tropeça em maduros tintos nas adegas da memória. memórias tuas. duas razões. a ser. em. são laços de ternura em braços dados. paisagens de luares matizes de ti. reflexos ao entardecer como a brisa da manhã. um dia. disseste. vamos percorrer as marés mundo fora. e percorrer os caminhos que dizes teus. e do mundo. em carícias de perder os sentidos. assim. um e outro toque de levezas são. entregas e notas musicais que sabes de cor. duas razões. de ser. dois. novidades desmascaradas em vulneráveis tonturas de nós. um dia. disse. te. vamos percorrer os caminhos que dizes teus. e o mundo. numa só voz. prometi. te.

.sempre que.



.e sempre. que o teu olhar me toca. assim. pára o tempo. que não existe. a parar. batidas no peito compassos de notas encantam espaços. pára o tempo. que não. que existe em nós. nesse espaço feito voz. em tudo de tudo. cores de mil arco íris explodem. de nós. somos tudo. aqui. nos espaços de espaços. em mim. de ti. vamos correr nos caminhos desbravados pelo vento. e nos outros que ninguém vê. e naqueloutro. e. ser mais que esta imensidão que sente. a ver. sentidos. param. pára o tempo. de nós. a sermos maiores que a vida. que tudo o que tocas. toco a chuva que cai em silêncios. relevos de flutuações esperam. nos. aí. por aqui. doces reminescências vagueiam. são sonhos digo. são outros dias a serem maiores. porque. amanhã. apenas porque. somos toques de um. de outro. mas sempre. que o teu olhar. no meu. toca. pára. o tempo. batidas no peito em compassos mil. arco íris. implodem. ninguém vê. vamos. correr os sonhos. de nós.


.disseste.




.disseste que há segunda. sonhos. reflexões em reflexos de mar. idas e retornos. nas. e 1 tostão. de pensamentos. disse. duas vindas. e vamos. fomos no rumo da maré. cheia. a vazar emoções. acções que não se pagam. a. pagam. como tiradas da sorte a jogar ao loto. bingo. casa cheia. linha feita. prémios a arrecadarem tostoezinhos. bilhetinhos. vamos. as contas da vida. um dois três. sonhaste dizeres de cabra cega. altitudes vãs de tonturas. em. tonturas. tontas. sílabas de sonhos. silêncios a guardarem. te. nos abraços que somos corremos agora. diz. um. sonho. sou imensidão de mar que vagueia. veio de passagem. vem. passageiro andante de. e fecha os olhos. agora. aí. sente. desmente que o  que tens não é. guardo em mim. a vida em pétalas de jasmim que dançam. consumo a pouco e pouco sem demora. as pétalas. aromas que refaço. esperas. porque à segunda. sonho. disseste. e neste mar que volteia ternuras. perdemos. nos. flutuam tacto e aromas reflexos. disse. em reflexões de mar. tontos. os sonhos. como tonturas que se erguem. aqui. por aí. talvez. nos retornos das idas vêm tatuar. mas disse. à segunda. sonho.

.quanto pesam os teus passos.




.são só dois. passos. para a liberdade. tu. livre. um. pensas. pesas as razões e o tempo. o tempo. que não é. vai ser. dois. apenas. segundos. passos que hesitas pensas. um. falta. um. liberdade. tu com asas. sem. asas. hesitas. no ar em camera lenta. o movimento. decide. te. vem. cá neste lado há café cigarros e bolachas. sim essas. e luas cheias eternas que brilham. olhos que brilham. dois. um. passo. respiras. quanto pesa. a liberdade. quanto. custa. não. custa. traz contigo a folha seca do chão que se te. se colou. ao sapato. e o brilho do olhar. és. sorris. sim. isso também. quanto pesa a liberdade. um passo. vem. há nuvens de vaivéns encantados e flores no caminho. nuvens que te tocam gota a gota. asas. no. ar. em. ca. ma. ra. len. ta. quan. to. pesas tu?

.são. cadências. amor.



uma pausa. sorris. te. como a bruma que te acaricia a tocar catarses de céus azuis em cadências de silêncios. filmes em câmara. câmara lenta. saboreia. expansões de ti. cá dentro tocam. acústicas guitarras s pianos que sussuram. bemóis. porque gosto. só porque sim. porque. bemóis e sustenidos. música que te. é. imaginação. silêncios. o todo. no. to. do. inspira. são vidas. não ávidas. são. e somos caminhares suspensos que flutuam. ecos de ternura abraçam caminhos. não há traços desenhados. pré refeitos de pós planeamentos. e tudo. em catarses de céus que te. que te embalam. flutuam as ruas da cidade. filmes sem. sem tela. projecção de sentidos. somos. cadências que dançam. expansões de nós. acústicas catarses a envolverem. te. envolvem abraços. sorri. em ecos ecos de ternura. em ecos ecos rebeldes como o vento. são. pausas. são pausas curtas como as bicas demoradas a dois. a três. mundos. és. somos mundos. suspensos passos que flutuam. dançam. inspira. como acústicas guitarras a sussurrar. bemóis e sustenidos. são catarses. amor. cadências de segundos tocam o azul do céu. só porque gosto. só porque sim. só porque não só. e não só. são catarses. amor. és. as ternuras que abraças. somos. mundo. um. porque expansões são. flutuações projectadas nas ruas da cidade. mãos de olhares infinitos. são. olhos que sentem. música que te. é. sorri.

.chillpill.


We are less bored than our ancestors were, 
but we are more afraid of boredom."
Bertrand Russell's

.em.cena.




pensa. vantagens da hora. que abarca. alargam estradas para te verem passar. pára. paraste no rumo antepassado refeito. que esqueceste. luz verde que torna. retorna. segue. há semáforos encarrilhados em encruzilhadas. pára. pensas num segundo. na vida. a vida. viragens de torna pára e arranca. como o tráfego em hora de ponta. e o telemóvel que esqueceste. toca. estou. não. obrigado. vermelhos no caminho. atrasos. em longínquas dunas de pedantes tropeças. quando pneus furados geram tumultos. corres. te. ao virar das esquinas cerejas. degustam vinhos maduros. mas há cerejas. a um. moedas. uma moeda para seguir. como carrinhos de choque e algodão doce de outrora. e o cheiro das farturas enjoa. te. cambaleias. maduro. o vinho. adocicadas noites. cerejas. pára. há semáforos avariados e ruas tortas. de morangos à beira são. selvagens. em aromas tonturas de calor. um segundo. dunas errantes. tropeças. como o outro. diz que há dunas. camaradagem e dunas. maduros tintos degustados com cerejas. e farturas de despreocupação. danças como o outro. o vira. e aqueloutro. cantares do Alentejo em ti. estou. não. obrigado. alargam estradas. para te verem passar. degusta. adormecem farturas no ar. selvagens. o que são. as farturas. tintos maduros tatuam roucas vozes. pregões de diz que faz apregoam. mas pensa. há vantagens. da hora que abarca. diz obrigado. como o outro. meras miragens. estou. verdes os semáforos. alargam estradas. para te verem passar.

.sombra.s.




ecos ecos atenuantes de sons ecos escutas ouvintes de luares enclausurados conchas de cartazes dobrados em joelhos pedem urros de passagens ecos escolhem te e seguem dormem entre muitos sonhos logram louvam dúvidas feitas regras de três simples fundem te uma e outra vez dois e sois um são ecos ecos regem tempos que tocam tocam te escutas dois e um saber te dormes fugiste na passagem ecos torpores trocam vultos vultos pedem cartazes dobrados tu joelhos que s'erguem seguem leva a ovação de ontem luz de amanhã segue seguem dorme aqui trocados estão ecos ecos escutas luares ouviste amo amo tracinho te diz me escuto ecos ecos em ti.

.lá vai. lá vai.




desliga. os sentidos. torpedos que se. me. te passam. como ondas em desvarios. rios pacatos. vogam. brisas entreabertas de rumos desconexos. resiste. ouço. resiste. entre uma e outra. onda de espuma. fecha os olhos. dizem. te. fecha. mas sorri. lá fora. mas dentro. sorri. se faz favor. entre uma e outra. alucinação que desliga. sentidos. palavras de linda falua. trauteias. e já não estás. falam falam. te. sim. ondulações de vai e vem. sim sim. não. mas talvez acertes. respostas. vorazes que te esperam. sim sim. desliga. banha. te. de ti a embriagar sentidos. mergulha. rios em desvarios. pacatos. que linda falua. que lá vem. do cimo. do torpor. agita. ondas que vogam. agita. te. a mover automatismos de idas. quietas. ficas. no ir. sim sim. sorri. resiste. e o céu continua azul. sem nuvens e sonhos. há castelos no ar. a nomear. há castelos. não te dizem. mas a cinza que te cai. desvanece. dois minutos. inspira. entre uma e outra. onda. em espuma. sustém. segue segue. que linda falua. vem lá não vem. mas tens o despertador que tocou há horas. há horas sim. sim. resiste. torpedos de sentidos que comovem. te movem. vai vai. que te deixe passar. como ondas em desvarios. pacatos regatos. vogam cartas por escrever. respira. mas dentro. do sorriso. de ti. desliga.

.definições.




a noite a ensandecer sentidos. amplificações que explodem. mas. a noite. essa. cai sem cair. dizem. analogias de senso-comum. em silêncios que se tecem. amanhecem. súbitos despertares que dormem. e tu aí. eu. suspiras tentações. tocas. florestas de sensações. sentires. não sentidos. a ir. no retorno. e dorme. entrementes. dormentes pausas em suspensões de aurora. ecoam palavras que ficam. por dizer. só. somente. dizem. diz. horizontes roucos. de talentos escassos. parcos. mas há minutos. somos. horas assim. sim. falas mansas. ecos. enquanto. quanto pesa um sonho. o pensamento de tudo. ser. quanto pesa. diz. mas a chuva que já não cai. demora. se. no dia que foi. um abraço. olá. e depois. segui. mos. braço dado. ir. irmos no entretanto de um cigarro que se consome. extinguir. se. a extinguir. inspira. e sente. o fumo desenha. se em ti. dança. danço agora. sabes. sem ver escutas. mas ouve. só mais uma vez. aquela. e a outra. e pára o tempo. de ti. parou. de nós. fui ali amanhecer em silêncios que se tecem. mas há um cigarro à minha espera. dos dias. de cafés. a cair. caem noites sem cair. umas. e outras. seguem. vê como o sol nasce na lua. ou é a lua que nasce para o sol. escuta. analogias de senso-comum. quanto pesa. uma noite. quando tudo é. um abraço. olá. adeus. dorme agora. no entretanto de um cigarro que se consome. inspira. enquanto caem as noites. enquanto dançamos. enquanto. dizes. digo. quanto pesa um sonho enquanto. um. dois. o fumo que desenha. somos. quanto pesa. escuta. enquanto a noite cai. dizem.

.serenidades.




.pausas como sensibilidades vagas em horas sorriem. o ar que respiras é leve. mas flutuas infinitas possibilidades. e no voo rasante que te tolhe lá no alto. do alto. o céu em silêncios muitos mudos. acompanhas. me. ré sustenido como o pensamento. equilíbrios de tontos sonhos. são. pausadas respirações rítmicas a atordoarem sentidos. mas observa. me de longe. ao longe. faz-se perto neste sentido de dizeres de nada. tudo e canções de mil sorrisos. sorri agora. mas só agora. talvez amanhã. sim. amanhã será luar. em ti. e depois de amanhã. digo ama-amanhã. ou ontem. um sol de mil cores nasceu. de mim. simples palavras são. sensibilidades que se aproximam sem tocar. observo. te. vem. no ontem que amanheceu e na noite em estrelas conforta. embalas. me. hoje. só hoje. e talvez amanhã. como horas vagas não são. vagas. voos rasantes que sorriem. mas o ar que respiras é leve. repito. o ar que respiras. é-me leve. assim como as nuvens que passam. com tempo. sem. tempo. tu. com tempo. todo o tempo do mundo aqui. embalas.me. em silêncios mudos. o mundo. somos. canções de estrelas a sorrir compõem equilíbrios. tontos. sonha. só hoje. aqui.

.ouvido por aí.


"Eu adorava estar rodeado de marmelada por 50 anos." (sim, e era mesmo aquela que se barra no pão, e aquela que vem em cubos cobertos de açúcar, e... preciso de um snack)

Mas pergunto, para mim pode ser algodão doce?





.desenho.te.




desenhei. me. sob o calor da areia nos meus pés. e o azul do mar. ondas que levam. traçam memórias que são. fecho os olhos. um pé. depois o outro. fecho. olhos que não vêem. sentem. te. tudo. e tudo é. aqui. no ar que respiras. é tarde. cedo em sede de vida. é cedo. tardam emoções castradas. resgates de revisitações. mas as ondas. lavam. levam o azul do mar. de ti. fica. sob o calor. o toque. em grãos de areia saboreiam. ecos. ecos. fecha os olhos. não vês. vemos. sentidos que enaltecem tardes de fim de dia. inícios de emoções são aromas de jasmim. perdes. te. no rumo onde sentas. assentas. pensamentos. mas desenhei. me. escuta. sob o calor. e o azul do mar. em olhares que são. sonoridades em danças agradecem. e ecoam. as ondas. levam. é cedo. ainda. onde tarda o mar que leva. o azul nos teus olhos. nuances de sonhos. enquanto a brisa. suavidades. em ternuras sorri. sorri a lua a formular respostas. fórmulas matemáticas que não são. tudo é ciência. fecho os olhos. um pé. depois o outro. ecos. ecos. somos. nós.

.serendipity.



.amanhecem os teus passos. reflexos ao espelho. e o meu olhar. envolve essências. como tílias a inundar ruas desertas. apinhadas de gente. gentes que dançam ao vogar do vento. dança. dança. e o vento acarinha sonhos. e sorrisos. e flores que semeiam sorrisos no teu peito. acendo um cigarro. dois. três minutos. no fumo divertem-se canções de embalar. vozes. que tocam. tocam. te no espaço vazio. onde não estás. onde algures por aí. ou aqui. em danças de braços abertos esvoaças. a vogar. por aí. sonhos. e por aqui. respira. onde não estou. e enquanto se extingue um cigarro. dois. três minutos. anota. há reflexos em olhares que tacteiam vozes. e dançam. dança como tílias a inundar ruas desertas. acarinham sonhos. sorri. mas dança. dança. agora. num espaço feito teu. onde amanhecem os teus passos. os teus passos. amanhecem. em nós.

.do infinito




anoto os teus passos. e o azul do céu a invadir sentidos. mãos que se tocam. e olhares que cruzam rotas enaltecidas. sentes. sentem. se. viagens alheias. nuances de cor. mas o mar. em nuvens que constroem castelos são hoje teus. reescrevo. me. neste chão que piso. pegadas. remexem as ondas do mar. envolvimentos de manhãs em pores do sol vagueiam. e as noites. nos teus olhos. sorriem. te. mas o vento leva-nos para longe. daqui. como pássaros que sobrevoam. e o inverno. em primaveras de nós. anoto. os meus passos. que se apagaram na luz do mar. a. mar. hoje e amanhã. e ontem. mas hoje. confortos de chuvas matinais como morangos maduros. degustam. se. entre bandas sonoras despertam. amanhã será cedo demais. e ontem anoiteceram. saudades. sem o serem. não são. são olhos que se cruzam. hoje. disse hoje. em pegadas de sal à chuva de ontem. desenhaste. te. no azul do céu. como nuvens que abraçam. ternuras. o azul do céu a invadir. invade sentidos. anoto. somos. morangos maduros a sobrevoar manhãs de inverno. em primaveras de mim. sorriem. nos. somos. olhos que sorriem.

.música do dia.



I'm up in the clouds
And I can't and I can't come down

.do amor.





a primavera que chega antecipadamente. e as praias salpicadas por veraneantes que se refastelam ao sol. dias antes percorria metros de casacos e cachecóis. lado a lado sorria. mos. sempre sabemos quando o semáforo avaria no vermelho. mas seguimos. em contramão. até ficarmos sem gasolina. ou vontade de guiar. ser pendura. caminhamos. e as ondas do mar chocam entre elas. em remodoinhos incessantes. observo. e de surpresa sou apanhada pelas ondas. onde é que me esqueci do mar? que segue o rumo e abre caminho por entre obstáculos apaga pegadas e volta a si. dono de si. livre. a analogia da liberdade. lugar comum este. mas tão certo que é preciso relembrar. que todos os dias são dias de quadros brancos por escrever. e a leveza dos cães que brincam nas ondas. jogam à apanhada e nada mais lhes falta. apenas isso. corre. aproxima. foge. para voltar. e não sei se já disse. mas não sei onde me esqueci. das ondas do mar. que invadiram um espaço que julgava meu. sem invadir. sentei-me a secar os jeans encharcados até ao joelho. e adormeci. livre. outra vez. 

.do inesperado.




acredita-se que nada é por acaso. que os passos que se cruzam noutros tantos. são emoções castradas a serem postas à prova. e os nossos passos foram. prova de que o tempo nada muda. e muda tudo. e à força de querermos ficar. partimos. expressões de ternura e um último toque. o sorriso. teu. seguir. caminhos que se constroem em passos por dar. caminhar. encontrar. te. foi. emoção. e na vida a contra corrente ninguém é. eternamente. encontraste. me. num dia de sol em pleno inverno. a chuva que ficou para trás. em beijos dados. noutros tantos por dar. e acredito. no abraço em que ficámos. na imagem parada. o mar imenso emoldura rostos. e corpos que clamam por outros. mas tudo isto é ciência. tudo isto é essência. há um café que me espera. ao teu encontro. e a brisa do mar grita silenciosamente em segundos parados. há eternidades que o tempo não encerra. e ausências que são esperas. voltamos. e a vida que agora flui perde-se num copo de café que se degusta pelo caminho na certeza de continuar. em frente. por mim. por ti. porque assim tem que ser. nada se escreve nestas linhas levianas. tudo se diz no que não se disse. acredita-se. nada é por acaso. e as sementes jogadas aleatoriamente. são sonhos a cumprir. cumprem-se promessas. e somos.


.rotinas.

RECLUSO

Certo podes estar
de que não serás lembrado
senão pelo que não fizeste
porque tudo o que foi feito foi em vão

Se alguém te disser o contrário
manda-o à merda
e vai com esse de mão dada
Na merda limpos banhos toma quem da vida mais não espera
do que morte e desespero

A todos é merecido o esquecimento
mesmo que disso nada saibamos
Andamos a esmo na vida como o vento na terra
Determinamos apenas quem por nós fica
a pensar no que não fizemos
no que não dissemos
e nem isso supomos

Pela cabeça de ninguém passa um pensamento que seja
onde caibam nossas angústias
A vida é ilegível
vive-se de vivê-la
depois apaga-se no silêncio da página branca

Os homens são perdas concentradas em si mesmas
anquilosadas veias de ternura
dizem tudo ao inverso do que deviam
e fazem sempre o oposto do que dizem
Mas lamentos tais não roubam o sono ao amor
cujas preocupações são tão ou mais banais
do que estes dós da dor
que é estar uma vida inteira perdido
algures entre o defeito e a virtude
de sofrer acompanhado
a angústia das listas de compras
das idas ao supermercado
das prestações em falta
dos nós domésticos
e suas amáveis traições

Nenhum bailarino se forma
a fingir que sabe dançar

Quem quer que respire pode constatar
o peso destas matérias nos pulmões
O médico receita bombas
ignorando a mais velha das medicinas:
só explosões de liberdade podem tratar os reclusos da vidinha

O mal está em esperar dos outros o que eles não são
exigir-lhes Carnaval quando só têm Verão
e festa onde há funeral
Pudesse ser tudo apenas como é
nenhum poema se escreveria
Seríamos saudáveis
                                perfeitos
                                              dicionários abertos de alegria

De Hmbf, retirado daqui

é isto.

.enquanto há esperança há vida. e não o inverso. reverso. era isto. apenas.


.quando.




.quando se anda de cabeça no ar. quando a vida nos invade como as tempestades que rugem lá fora. os pés que se cravam no chão. pegadas novas em caminhos iguais. quando se anda de cabeça no ar. o azul do céu e a ternura invadem espaços defraudados nos passos dos dias.

.das (pequenas) coisas.




.e quando o negrume ameaça infiltrar-se nos ossos, há algo que subitamente nos lembra da existência de cor.

.da fome literária.

Moi-même, la mort

No mais, o mundo é sem retorno.
Mas manifestamente
não queria saber.
Já tinha protestado, já tinham respondido, já tinha
contestado as objecções.
Via-se a si própria
do lado errado da saúde pública. Nem corpo, nem alma
lhe davam garantias de robustez. Sentia o coração,
algures, disperso pela pele,
e di-lo-ia dotado de movimentos intermitentes.
Media os tempos, interrompidos,
e entre um e outro
parecia apagar-se como uma luz perante um foco mais forte.
Preferia desligá-las.
Subia o estore e ficava à janela a adivinhar ao longe
a massa húmida do hospital. Já desistira
de correr para as urgências.
Tinha aprendido a medir os passos.
Desde há dois anos que avançava só o suficiente
para poder recuar sem cair.
Não o lamentava.

 (D’ailleurs, depuis longtemps, elle ne se croyait plus
 l’enfant perdue de Marcel Duchamp.)

Madalena de Castro Campos

(retirado daqui)


.da glicémia.

.quando percebes que afinal é fome:
 (e não mau feitio,  brutalidade e frio)


.do essencial.




.há um sol que nasce todos os dias. mesmo em dias de nevoeiro a constranger olhares. mesmo que as nuvens no horizonte o escondam. há um sol que nasce todos os dias. e deveria ser para todos. na verdade é. mas deveria ser apreciado por todos. há um sol que não são vários mas um. uno. assim como a vida. uma. a de cada um. assim como o propósito de aqui estar. porque o sol vai nascer todos os dias. mas um dia já não o veremos. e há uma família que nos espera. e amigos que nos acarinham. e um amor múltiplo por tudo que nos abraça. e há dias e dias que corremos. e corremos. temos pressa de ser ter querer. a luz fere a vista. camuflagens com que nos vestimos. quando há espera. à espera. há um sol que nasce todos os dias. e o que não podemos comprar. espera. nos. todos os dias. para ser. sermos. a rasgar o nevoeiro e o negrume dos dias. em tempestuosas ambições matam corações que batem em compassos de espera.



.laughing heart.




your life is your life
don't let it be clubbed into dank submission.
be on the watch.
there are ways out.
there is a light somewhere.
it may not be much light but
it beats the darkness.
be on the watch.
the gods will offer you chances.
know them.
take them.
you can't beat death but
you can beat death in life, sometimes.
and the more often you learn to do it,
the more light there will be.
your life is your life.
know it while you have it.
you are marvelous
the gods wait to delight
in you.

C. Bukowski

.tempo.




"Um hálito de música ou de sonho, qualquer coisa que faça quase sentir (...)" 
F. Pessoa in Livro do Desassossego

.da velocidade.




.vivi demasiado demasiado cedo e talvez por ser demasiado. cedo. não foi o que seria se agora. mais tarde. fosse. e por isso esta espécie de terceira idade precoce. como se. a vida já tivesse sido e se goza agora memórias. no mesmo instante em que outros vivem o que foi em mim demasiado cedo. na antecedência impulsiva ânsia de ser. viver. e na pressa do que foi o caminho turvou-se na névoa da velocidade. gozada. sem sinalética que se respeite. para-se na passadeira para os outros passarem. calmamente. e brinco com o acelerador mimética de brincadeira a apressar terceiros. e sorrio. à espera. que o semáforo retorne a verde.