.a(contra)gosto.

.detesto agosto. assim com letra pequenina. não merece grande destaque. sempre detestei agosto. a contra gosto. o tempo de muito tempo. demasiado. a abundância. demasiada. de sol. pessoas. e escassez. tanta. de serviços de tudo. na verdade a escassez abundante ou abundância escassa. seria assim que definiria agosto. a contra gosto. corre o tempo sem correr. em passo lento. atulhado de silly tarefas. pessoas. sol. e sol. e paragens. e finalmente está a chegar ao fim. venha setembro. e o reinício. da vida adormecida a contra gosto. onde uma brisa fresca me acaricia. os sentidos. e a alma. sempre detestei agosto. há coisas que não mudam. algumas. o gosto.


.a vida.é (tão) volátil.


.isso. a vida é tão mas tão volátil. penso. o que é perdão. pedirem que perdoemos quem abandonou. quem negligenciou. porque. apenas porque. como diz o povo. é pai. ou mãe. ou irmão ou tio ou primo ou outro elo de ligação que tal. perdoar. o que é perdoar. perdão implica querermos voltar. estar com. voltar a privar com. não. não implica. perdoar é sentires a paz de aquela pessoa existir em ti. de ter existido na tua vida. dela fazer parte. sem revolta. sem dor. sem ressentimento. ponto. apenas isso. a vida é tão volátil. e também o é o gaz. butano e outros. e o perdão é gaz. volátil. como a vida. e como nós. que estamos somos agora. hoje e não amanhã. e perdoo. perdoei. mas tenho dúvidas. ouvi. quem é pai é sempre pai. e pergunto. quem é pai é quem cria ou quem dá a vida?. o que é ser pai. e mãe. damos a vida e não estamos. não somos. deram-me um papel dizem. és rainha. e foste sem sê-lo. mas ensaiaste nas primeiras sessões. estiveste lá. nos bastidores. e és. foste e sempre serás rainha. não. não és. foste o que alguém definiu que fosses. não desempenhaste o papel. e se não desempenhaste o papel. não és. e ponto final. definido. fácil assim. ou talvez não. pois. não. para a maioria não. e é isso. para mim não. sim é ser. não ter. recebo e tenho. não sou. talvez tenha sido. ou não. tentei. decorar as linhas do guião. e dei o meu melhor. mas a plateia. o público. o mis en cene não foi cene. apenas ensaio. mas tentei. sabes que tentei. dar o melhor. mas sei. também sei (e por isso não me perdoas) que não fui o melhor. não fui capaz. mas agora que a vida me falha quero saber-te aí. afinal sou. o papel que me atribuíram e que não soube desempenhar. mas tentei. tu sabes. não consegui. também sabes. e a vida é tao volátil. não estive. mas agora quero estar. sei que sabes. também sei que não queres. que me guardas dor. e ressentimento. mas perdoas as falhas. de ontem. sabes que não era capaz. tentei. não fui capaz. queria remediar tudo como quem passa betadine na ferida. aquelas que fazias em pequena quando tropecavas em tudo quanto era pedra. e por fugires dos cães. tinhas medo. deles. e dos outros. e de mim. porque não te protegi. nem te passei a mão pela cabeça. nem fui capaz de te afagar os lençóis e afugentar os monstros do armário. e os debaixo da cama. e de te dar um beijinho de boa noite. de te abraçar e dizer que estava tudo bem quando tinhas medo do escuro. e de mim. mas tentei. ser melhor. falhei. sei que sabes. e por isso perdoas. mas dói-te na alma. não ter sido capaz. de desempenhar o papel que me deram e que o público não chegou a aplaudir. sei que sabes. mas a vida é tão volátil. e frágil. e resta-me pouco tempo. mas sei que sabes. e também sei que não te posso exigir que estejas. e que alguns estão. e dizem outros que isso é grandeza de alma. e tu és. grande na tua pequenez. e não te interessam os outros. o que pensam. nem eu. mas gostava que estivesses. mas não peço. não estive. sei que sabes. de tudo. e a vida é tão volátil. e agora sou o que quis ser e temi não saber. por não ter desempenhado o papel. sabes. aquele que me deram e que o público não chegou a aplaudir. nem tu. e somos voláteis. os dois. e todos nós. e a vida. e a dor. e a mágoa. e tudo. mas tudo. sei eu agora. que antes nunca soube. que o que importava era o estar. e o ser. não os aplausos. nem os sorrisos de desconhecidos. nem. isso. tu sabes. a vida é tão volátil. e eu. nós. voláteis. somos.

Luto pela felicidade dos portugueses




A «Aurea mediocritas» que cantava Horácio era a doce e suave mediania entre as emoções, um equilíbrio quase bucólico na vida a ter e nos negócios a ter na vida. Não, Horácio, romano educado, não era adepto dos desportos radicais. 
Equilíbrio entre o quê? Distorcendo Horácio, a dois mil anos de distância, podemos dizer, talvez, equilíbrio entre o sonho e a realidade. A felicidade não pode ser só o que há, senão apodrecemos, mas também não pode ser só o que desejamos, senão ficamos com uma neurose de tanto ansiar pelo que há-de vir. 

O resto é com cada qual. Alguns gostam da felicidade bovina de não pensar muito, outros gostam de estar sozinhos no deserto, outros ficam felizes com a desgraça alheia. Estes três exemplos são, cá para mim, desgraçados, mas o que sei eu dos outros? É por não saber nada dos outros que escrevo histórias sobre os outros. Para aprender. Haverá outra razão para fazer as coisas? 

Felicidade é, pois, como o Natal - é quando um homem quiser. Nunca me canso de fazer versões sobre este mote do grande Paulo de Carvalho. Hei-de levar isto para a cova e se não me ocorrer mais nada (pode acontecer) esta será a minha última frase. E depois do adeus logo se verá. 

Rui Zink

porquê?!



Porque é que os miúdos regra geral correm atrás das pombas e as afugentam num espectáculo de gritos e pontapés no ar?! Ninguém lhes disse que isso não se faz? talvez. mas secalhar não os pais. quem os deveria educar. quando vejo o que vi há dias não sei se hei-de me levantar e agarrar nas mãozinhas dos pequenos e leva-los aos papás ou levantar-me e desancar moralidades nos ditos progenitores que certamente andam distraídos (entenda-se ocupados). mas apenas olhei para os miúdos e percebi. apesar da tenra idade sabem (ou ficaram a saber) que secalhar. mas só secalhar. aquilo apesar de ser giro e divertido talvez. mas só talvez. não seja coisa muito boa para os crescidos. alguns. por isso vamos mas é ter com os papás que estes crescidos não devem gostar de brincar. ponto. final. parágrafo. fim.

.des.CARTA.vel.




Na sala de reunião de uma multinacional o director nervoso fala com sua equipa de gestores.
Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: "ninguém é insubstituível" .
A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.
Os gestores entre olham-se, alguns abaixam a cabeça.
Ninguém ousa falar nada.
De repente um braço se levanta e o director se prepara para triturar o atrevido:

- Alguma pergunta?
- Tenho sim.
- E Beethoven ?
- Como? - o encara o director confuso.
- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?

Silêncio.....

O funcionário fala então:

- Ouvi essa história esses dias contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso.
Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam a achar que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.
Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico? etc...
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.
Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direccionado para alguma coisa.
Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipa focando no brilho dos seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus 'erros/deficiências'.
Ninguém se lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico...
O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado dos seus talentos.
Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipa e voltar os seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projecto.
Se o seu gerente/coordenador, ainda está focado em 'melhorar as fraquezas' da sua equipa corre o risco de ser aquele tipo de líder/ técnico, que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos.
Seguindo este raciocínio, caso pudessem mudar o curso natural, os rios seriam rectos não haveriam montanhas, nem lagoas nem cavernas, nem homens nem mulheres, nem sexo, nem chefes nem subordinados... apenas peças.
Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões foi para 'outras moradas'.
Ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim: "Estamos todos muito tristes com a 'partida' do nosso irmão Zacarias... e hoje, para substituí-lo, chamamos:... . Ninguém ... pois nosso Zaca é insubstituível"
Portanto nunca se esqueça: Você é um talento único... com toda certeza ninguém te substituirá!

"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo..., mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso."

"No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é..., e outras..., que vão te odiar pelo mesmo motivo..., acostume-se a isso..., com muita paz de espírito..."



P.S. Email que recebi da chefia em 2011. Um bem haja a A. por ter conseguido emocionar-me com a mensagem enviada e relembrado que era peça essencial na equipa.

...

(...) mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do
deserto, e do acaso da vida. gosto dos enganos, da sorte e
dos encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu cora-
ção, ou onde o medo tem a precaridade doutro corpo.

Al-Berto
Horto de Incêndio



.just.this.


.faz-me falta. rodear-me de verde. direccionar o olhar. cada vez mais. centrar. descentrar-me. dos subúrbios. do cinzento da cidade. encontrar. me. de novo. todos os dias. um novo. dia. de novo. olhar. sentir. perder para encontrar. ficar. aqui.