nihil nietzsche sol ou o reverso/inverso/universo



.e houve tempos disto. muito disto. era verão. lembro o cheiro. a areia. as páginas amareladas que virava com cuidado. com aquele cuidado e ternura com que se acarinham livros antigos. sim antigos. Nietzsche requisitado na biblioteca. de bolso. iam comigo para todo o lado. e estendiamo-nos os dois ao sol. em intimidades despercebidas aos trausentes que por ali vagueavam. ecce homo. anticristo. para além do bem e do mal. alguns que me recordo. curioso é não recordar as palavras impressas. apenas recordo a apologia do nihil. a minha. de tempos idos. a dele. e o nada. nem uma citação única para memória póstuma. e não o reconheço. não os traços. reconheço. o. como névoa de antigas amizades que ficam após os anos. apenas. e só isso. e zaratustra. ah zaratustra lido no primeiro ano da faculdade para a cadeira de antropologia social (que se pode traduzir meramente e tão somente como uma extensão de filosofia do 12° ano. cujo nome pós-Bolonha - modernices - desconheço). 

.e como tento resgatar os traços daquele rosto sem rosto de palavras impressas que tanto me acompanharam em. 2007 julgo. não recordo. nada. apenas o nada. e não será esse marco maior de que Nietzsche coexiste em nós? será. talvez. certezas não tenho. dúvidas tantas. desnecessárias respostas quando não se procura nada. procura. tudo. resgatar velhas essências e cheiros que nos relembram o essencial. 

p.s. (ou nota de autor como quiserem) ainda assim é dos tais que não (ainda não) tive vontade de a ele regressar. é um ex acarinhado. que se mantém em mim. vivo. p'la vidinha 'afora'.