.conversas.

(para ler a duas vozes, com falsete se faz favor)

Estás bem?
Sim
Pensei...
Pensaste
Sim, que mudaste
Sou a mesma
Não te conheço
As linhas mudaram
Sem elas não sei o rumo
Estou aqui
Não te sinto
Vai-te embora
Quero ficar
Fica
Quero que voltes
Não
Volta
Não
Olha para mim
Sim
Sentes?
Sim
Então volta
Estou aqui
Quero-te
Também te quero
Gostas de mim?
Vai-te embora
Responde
Sai daqui
Vem
Não digas mais nada
Não
Estás bem?
Sim
Pensei...
Pensaste
Sim, mudaste-me
Vem
Vou
Ficas?
Sim

.voltei a reler isto escrito aqui há quatro anos de distância. é estranho reler 'coisas' nossas e no meio dessas 'coisas' noutras tantas não as reconhecermos como nossas. não é o caso desta. coisa. mas de outras. lembra-me uma frase de Pedro Paixão que me voltou a acompanhar nos últimos dias. dita assim "Ele precisava tanto de escrever como de apagar o que escrevia.". mas não apaga. não apago. e escrevo 'coisas'. vou escrevendo como débitos a cair qual gotas de chuva. e hoje choveu bastante. novamente a chuva. e o frio. aqui escritos. anotados como quem debita. sem debitar. frases de café e elevadores que sobem. quando descem não se conversa. tem-se pressa. sempre a pressa. de ir.